Alguns poemas, como os de Drummond, não passam de mão em mão
sem ser notados. Quando tive meu primeiro contato com o poema “José”, diversas
coisas se passaram pela minha cabeça. E depois, em meio a (re)leitura desse
poema, acabei tendo minhas próprias divagações e pensei “porque não dar uma voz
feminina a ele?” E foi assim que criei MARIA. O intuito maior não era trazer ao
meu as mesmas características e visões do original e sim mostrar através dele
algumas realidades dos diversos universos e quotidianos femininos que nos
deparamos. Esse poema é sobre a mulher que sofre, mas não desiste e luta. É
também tanto para aquela que é mãe e passa aperto quanto para a que sofre na
mão de um conjugue.
Sinceramente, não caberiam em estrofes suficientes todas as
“Marias”, até porque são muitas realidades diferentes, mas no final das contas
creio que somos todas Marias de um jeito ou de outro, porém cada uma de uma
forma diferente, com a sua própria singularidade. E é isso o que nos torna
únicas.
MARIA
E agora, Maria?
O leite acabou
A criança chorou
E você tem contas pra pagar
E agora?
Silêncio, Maria!
Você que é sem nome
Você que não dorme nem
come
Só sente o gosto do amargo
E do sangue
Silêncio...
Já está sem consolo
Já está sem perspectiva
E o respeito não mais tem
E agora, Maria?
Você que apanha todo dia
Você que sofre com as
infâmias e regalias
Você que é sem nome...
Já não há quem a represente
E as mazelas são
crescentes
E agora?
Mas você não desiste, Maria!
Você luta a cada dia
Incansavelmente
E marcha rumo ao seu
destino
Maria, para onde?
Sinceramente, não caberiam em estrofes suficientes todas as “Marias”, até porque são muitas realidades diferentes, mas no final das contas creio que somos todas Marias de um jeito ou de outro, porém cada uma de uma forma diferente, com a sua própria singularidade. E é isso o que nos torna únicas.
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